segunda-feira, outubro 27, 2008

Num último suspiro...


«Uma amizade que, no início, parecia promissora e vivificante fez que, pouco a pouco, me afastasse mais e mais do lar, até ficar completamente obcecado. Do ponto de vista espiritual, vi que, para manter viva aquela amizade, estava a dissipar tudo o que recebera do meu Pai. Já não era capaz de rezar. Perdi o interesse pelo meu trabalho e cada vez me era mais difícil atender os problemas dos outros. Apesar de dar conta de quão destrutivos eram os meus pensamentos e os meus actos, continuava escravo do meu coração, faminto de amor e à procura de falsos caminhos para conseguir a minha própria auto-estima.
Então, quando aquela amizade se quebrou definitivamente, tive que escolher entre destruir-me e acreditar que o amor que procurava existia realmente…” em casa”! Uma voz, uma voz muito débil, sussurrou-me que nunca nenhum ser humano seria capaz de me dar o amor que procurava […]. Aquela voz suave, mais insistentemente, falou-me da minha vocação, dos meus primeiros compromissos, dos muitos dons que recebi na casa do meu Pai. Aquela voz chamou-me “filho”.
A angústia do abandono foi tão forte que me era muito difícil, quase impossível, acreditar nessa voz […]. Por fim, fui para um local para onde pudesse estar sozinho. Ali, na solidão, comecei a caminhar para casa, lentamente, hesitante, ouvindo cada vez mais nitidamente a voz que dizia: “Tu és o meu filho muito amado; em Ti pus todo o meu enlevo”».

Henri Nouwen

sexta-feira, outubro 24, 2008

Pessimismo


Desejos e frustrações, assim é a nossa vida.
Multiplicam-se os projectos e os sonhos,
mas reduzem-se a nada.
A vida é curta e passageira, a vida é triste e sombria.
Tudo parece contra nós,
mas uma coisa é certa:
a presença real de Deus.

Andamos sós e desamparados.
Pelo menos assim o pensamos e sentimos.
Porém, quem se afastou não foi Deus,
mas sim o nosso coração.
Foi o nosso coração que se afastou d'Ele.

Tal como a semente para germinar é
necessário que seja lançada à terra,
assim também nós somos convidados
a caminharmos ao encontro de Deus.

É difícil?
O que é que não é difícil?
Tudo aquilo que é valioso
traz consigo problemas e sofrimentos.
No entanro, são estas maleitas
que dão o verdadeiro gosto
e o devido valor.