quinta-feira, maio 08, 2008

O que nos espera?




Chegam-nos informações surpreendentes sobre uma pseudo-renovação eclesial. De um lado temos os conservadores/nostálgicos que anseio por retomar o Missal de S. Pio V; por outro, temos os vanguardistas e fiéis à renovação conciliar operada no Vaticano II. Porém, o Secretário da Congregação para o Culto Divino veio a público afirmar a sua intenção de retomar os ritos implícitos ao Missal de Pio V. Mas por que razão nós estamos a retomar quatro sécs.? Que significado teve e tem o Concílio Vaticano II?
A meu ver, estamos a cometer um verdadeiro "atentado intelectual". O renovamento deve partir sempre da fonte. A este respeito, três são as fontes: a Sagrada Escritura, a Tradição e o Magistério. Portanto, não será o Concílio de Trento a referência primeira. Colocá-la como tal seria simplesmente ridículo! Seria uma clara estagnação no tempo! Onde fica, com efeito, a dimensão da análise dos sinais dos tempos? Trento respondeu (e bem!) a um contexto histórico no qual ele estava inserido. No entanto, o Vaticano II está ainda a responder aos sinais dos tempos actuais.
A nível pastoral e litúrgico corremos o risco de sermos sinal de contradição. Vejamos um exemplo: imaginemos que numa determinada paróquia se celebra a Eucaristia a partir do Missal de Paulo VI, e que na paróquia ao lado, o sacerdote celebra a partir do Missal de S. Pio V. Pode parecer até disparatada esta situação/exemplo, mas se vier acontecer como poderemos nós responder aos fiéis tal disparidade?! Ou ainda: onde fica a universalidade e a unidade eclesial?
Com razão diz um amigo meu que não tardará a estarmos no "período da luva". Ou seja, segundo ele, os bispos voltarão a usar luvas brancas, os fiéis voltarão a comungar de joelhos e em fila, o sacerdote voltará a celebrar de costas para o povo e em latim. Mas não estamos a negar a força máxima da Igreja? Não estamos a negar o Concílio? Não é ele em termos jurídicos a voz máxima da Igreja? Então, onde ficam as palavras do Concílio Vaticano II?
É uma autêntica "crueldade" ao renovamento eclesial do Vaticano II. É com enorme pesar que vejo o desabrochar de um movimente inter-eclesial anti-Vaticano II. Na verdade, o que será no futuro? O que nos reserva os desígnios de Deus para o futuro. Creio piamente que o Paráclito não abandonará a Igreja. Confiemos na acção vivificante e santificate do Espírito Santo. É sempre Ele, e toda a Santíssima Trindade, que opera a renovação e nos dá o maior dos dons: a vida em Cristo, uma filiação na Igreja para a Igreja. É este o dom da santidade.
Não neguemos os esforços de todos aqueles que sonharam, projectaram e concretizaram a renovação eclesial no acontecimento conciliar Vaticano II.

1 comentário:

Hugo Martins disse...

Concordo contigo colega :)