terça-feira, janeiro 23, 2007

IST(-BD): fim ou re-começo?


Uma leitura mais atenta dos acontecimentos, obras e palavras, que recentemente se vem intensificando sobre o fim do Instituto Superior de Teologia (IST), leva-nos a enunciar pré-conceitos e pseudo-verdades sobre o seu fim real. Haverá ainda janelas abertas que possam deixar entrar uma nova lufada de ar puro, um novo renascimento que possibilite o seu revivescer?
Recentemente tem-se questionado se os seminários, estando ou não alienados da formação intelectual (o mesmo é dizer: do ensino universitário) dos seus seminaristas, têm posto em causa a quebra de um dos quatro pilares da formação integral do crescimento humano. Em causa está a dimensão espiritual.

Por outro lado, no que concerne à comunhão questiona-se sobre a existência ou não desta na nossa pequena comunidade que por si é tão diversificada culturalmente. Neste sentido, é impossível falarmos de comunhão no verdadeiro e pleno sentido. Há, de facto, comunhão e comunidade de modo parcial. Aliás, há o partilhar de certos e determinados actos ditos comunitários.
Será que a criação de um seminário inter-diocesano poderá responder plenamente às exigências pastorais, intelectuais, espirituais e humanas, que as dioceses a ele inserido tanto esperam? Parece-me que estamos a caminhar de olhos vendados. Não há uma luz, não há uma referência! A nossa única referencia é Jesus Cristo. É a partir d’Ele que tudo deve ser realizado e para onde tudo se encaminhará. Já Paulo no diz na sua Epístola a Timóteo
[1].
Será preferível caminhar num “caminho de cabras” ou numa auto-estrada? Embora cada um deles conduzam a um objectivo comum, devemos sempre optar pelo segundo. Não só pela rapidez a que se chega ao objectivo, como possibilita ao caminhante novas visões, novos horizontes, novas perspectivas. Resta saber se um seminário inter-diocesano conseguirá responder às exigências formativas agora exigidas. Aliás, não unicamente para este tempo, mas com perspectivas futuras. Pois, uma formação que se dirige unicamente para este presente será posteriormente um passado. Portanto, toda a formação deve verter para o futuro, de modo a que este futuro se torne posteriormente presente.
Penso seriamente que este será o primeiro grande passo, o pano de fundo, para uma reforma que todos nós ansiamos. A vida celular do seminarista deve ser sempre Cristo. Por outras palavras: a célula vital e vivificante daqueles que o Senhor chamou é sempre o Amor do Chamante. É sempre Ele o início e o fim que todo o chamado por Ele, ou seja, o vocacionado anseia ardentemente.

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[1] «1É digna de fé esta palavra: se alguém aspira ao episcopado, deseja um excelente ofício. 2Mas é necessário que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, sóbrio, ponderado, de bons costumes, hospitaleiro, capaz de ensinar; 3que não seja dado ao vinho, nem violento, mas condescendente, pacífico, desinteressado; 4que governe bem a própria casa, mantendo os filhos submissos, com toda a dignidade. 5Pois, se alguém não sabe governar a própria casa, como cuidará ele da igreja de Deus? 6Que não seja neófito, para que não se ensoberbeça e caia na mesma condenação do diabo. 7Mas é necessário também que ele goze de boa reputação entre os de fora, para não cair no descrédito e nas ciladas do diabo».

1 comentário:

P.e Júlio da Costa Gomes disse...

Está muito bem escrito.Como diz o cego: ver-se-à! Sou da tua opinião quanto ao seminário inter diocesano, mas isto tem de dar uma grande volta. Temos de ser mais uns para os outros dexando de lado os bairrismos. Quem dera que dissessem de nós como afirma Tertuliano acerca do que diziam dos cristãos no séc.III "Vê-de como eles se amam". E esta em!!!