quinta-feira, abril 10, 2008

Homilia IV Domingo da Páscoa


Domingo do Bom Pastor
As Leituras deste domingo apresentam-nos a imagem do “Bom Pastor”. O que é o pastor? O pastor é um chefe e um companheiro. É um homem forte, capaz de defender o seu rebanho contra os animais selvagens; é também delicado com as suas ovelhas, conhecendo o seu estado, adaptando-se à sua situação, levando-as em seus braços, tendo sentimentos de ternura por cada uma delas como se fossem suas filhas. A autoridade do pastor é indiscutível, pois esta fundada na entrega e no amor.
No Evangelho de hoje, encontramos diversas imagens referentes à pastorícia. Uma delas é o aprisco: era um recinto circundado por muros de pedra, sobre os quais eram postos feixes de plantas espinhosas ou se deixavam crescer silvas para impedir que as ovelhas saíssem e os ladrões entrassem. É interessante assinalar que, no tempo de Jesus, juntavam-se os rebanhos, ficando um único pastor a tomar conta das ovelhas, enquanto os outros iam dormir. Mas pela manhã, quando cada pastor se aproximava da porta, as ovelhas reconheciam imediatamente os passos e a voz, levantavam-se e seguiam-no, certas de serem conduzidas a pastagens de erva fresca e a oásis com água pura e abundante. Seguiam-no porque se sentiam amadas e protegidas, o pastor nunca as tinha desiludido ou traído.
Cristo é o pastor perfeito porque dá a sua vida pelas ovelhas. Nesse sentido, o verdadeiro pastor tem uma característica única: a ternura. Ele conhece as suas ovelhas pelo nome e chama-as «cada uma delas». Para Jesus não existem massas anónimas. Ele interessa-se por cada um dos seus discípulos, tem em conta os seus talentos, as suas virtudes e as fraquezas de cada um. Jesus entende as dificuldades dos seus “filhos”, e, por isso, não antecipa os tempos, não impõe ritmos insustentáveis, mas considera a condição de cada um, ajudando-os e respeitando-os.
Por isso, Ele é a porta: «Eu sou a porta». «Eu sou»: nada mais é do que a afirmação da sua divindade, à imagem do «Eu Aquele que Sou». Quanto à porta, esta tem uma dupla função: deixa passar os donos da casa e impede a entrada aos estranhos. A porta impede a entrada dos ladrões e salteadores. Sabeis como é descrito no Evangelho a obra do ladrão? Ele rouba, mata e destrói. Três verbos, que no fundo, resumem as obras da morte. Pelo contrário, a acção do pastor é descrita de forma totalmente diferente: o pastor vem trazer a vida e vida em abundância.
Pela porta só passam os pastores, mas entram e saem também as ovelhas. Nesse sentido, só quem passa através de Jesus é que chega às pastagens verdejantes, encontra o pão que sacia e a água que brota para a vida eterna. Portanto, a Salvação está n’Ele e só n’Ele. Fora d’Ele, somos como «ovelhas desgarradas».
Jesus é a porta estreita porque pede a renúncia de cada um a si mesmo, o amor desinteressado pelos outros; mas é a única que conduz à vida, todas as outras são armadilhas, ratoeiras que levam a cair em abismos de morte: «larga é a porta e espaçoso é o caminho que conduz à perdição, e muitos são os que seguem por ele» (Mt 7, 13).

Sem comentários: